As campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul procuram reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de próstata.
No mês em que se reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama por conta da campanha Outubro Rosa, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) aproveita para informar a respeito do câncer de mama hereditário, que representa cerca de 5% a 10% dos diagnósticos de câncer de mama.
Esse tipo de câncer ficou mais conhecido com a atriz Angelina Jolie, que anunciou publicamente a retirada das mamas ao descobrir ser portadora de uma mutação genética rara, no gene BRCA1, que aumenta em 87% as chances de uma mulher ter câncer de mama e em 50% de ter câncer de ovário.
A Ciência já conhece cerca de 22 mutações que causam o câncer de mama, sendo que os genes que mais sofrem mutações são o BRCA1 e BRCA2. Para identificar se há mutações são realizados testes genéticos (análise laboratorial do DNA ou do RNA) e a orientação para a investigação e aconselhamento genético se dão aos pacientes diagnosticados abaixo dos 45 anos, àqueles com histórico de outros tumores em qualquer idade e/ou de casos de câncer na família, do lado materno e/ou paterno.
Diferentes técnicas para o sequenciamento genético já estão disponíveis no Brasil. Há no mercado os sequenciadores de DNA de 1º geração e os de nova geração – este conhecido como NGS (Next Generation Sequencing), capaz de ler centenas de genes e identificar centenas de doenças, ou modificações genéticas, em poucos dias.
O segundo câncer mais comum entre os homens em todo o mundo – atrás apenas do de pele não-melanoma – é o câncer de próstata, e suas taxas de incidência são crescentes no Brasil. Para disseminar ainda mais as recomendações para a detecção precoce do câncer de próstata, o médico patologista clínico, professor da Escola Paulista de Medicina e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Adagmar Andriolo, esclarece aspectos importantes durante a fase de investigação da doença como, por exemplo, se o exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico) pode substituir o toque retal?
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou que o ano de 2016 registraria 61.200 casos novos de câncer de próstata, o que corresponde a um risco estimado de 61,82 casos diagnosticados a cada 100 mil homens. De acordo com o Inca, as significativas mudanças sociais e econômicas das últimas décadas têm influenciado o aumento nas taxas de incidência da doença, pois a expectativa de vida dos brasileiros está aumentando, assim como os métodos diagnósticos estão em plena evolução.
Adagmar Andriolo – Recomenda-se que todos os homens com mais de 50 anos façam o exame digital da próstata, pois em cada seis homens acima dos 50 anos, um é acometido pela doença. Entretanto, a maior prevalência do câncer de próstata ocorre em homens com mais de 60 anos. Em cada 10 casos diagnosticados, o paciente possui mais de 65 anos em seis deles. Aqueles que possuem um alto risco de desenvolver a doença são os que têm um parente de primeiro grau (pai, tio, irmão) que teve diagnóstico de câncer de próstata antes dos 65 anos. Neste caso, aconselha-se que a investigação seja feita a partir dos 45 anos e dos 40 anos para aqueles com mais de um parente de primeiro grau diagnosticado em idade precoce.
Adagmar Andriolo – O exame digital da próstata (toque retal) e a dosagem sanguínea do PSA (Antígeno Prostático Específico) são os procedimentos básicos e complementares para o início do rastreamento. Na sequência, deverá ser avaliada a necessidade de exames de imagem como Ultrassonografia Transretal, Cintilografia Óssea, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética e/ou Varredura ProstaScint. Dependendo dos resultados, o médico pode indicar a realização de biopsia para fazer a graduação pelo sistema de Gleason.
Adagmar Andriolo – Não. Com o toque, pequenos tumores podem ser percebidos e, muitas vezes, não são detectados pelos níveis do PSA. Com a realização de ambos, cerca de 90% dos casos de câncer são detectados. O PSA é um biomarcador imperfeito, pois a dosagem do PSA para todos não está isenta de acarretar falsos diagnósticos e excesso de tratamento cirúrgico. Por isso, a tendência atual é fazer uma seleção mais rigorosa dos indivíduos que precisam ser testados, incluindo os que apresentam história familiar de câncer de próstata com evolução rápida e aqueles nos quais o ultrassom e a biópsia mostrem alterações significativas.
Apesar de não ser um biomarcador ideal, o PSA representa a mais bem sucedida experiência de utilizar um marcador sorológico de neoplasia em escala mundial. O seu uso criterioso, junto com outros recursos como o exame de toque retal, tem contribuído para o diagnóstico precoce e adoção de tratamento adequado dos pacientes e, principalmente, tem ajudado a salvar muitas vidas.
Fonte: wwww.labnetwork.com.br
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